Nunca como hoje houve tanta comunicação. E se há uns anos havia o telemóvel e a internet que nos ligavam em rede ou ponto a ponto, hoje telemóvel e internet estão também ligados.
Pensando bem, deviamos hoje mais do que nunca saber tudo sobre o outro, conhecer a sua vida de cor (ou ajudados pela cábula digital). Não devíamos falhar um cumprimento de aniversário, um teste bem sucedido ou uma criança por nascer - a informação sobre os que nos interessam está toda na ponta dos dedos e à frente dos olhos.
No entanto, a comunicação digital é curta e ruidosa. Facilmente acabamos por ler mensagens publicamente disponíveis mas destinadas a alguém em específico, ou perceber um significado distorcido em determinado SMS. Ou calcular mal sentimentos através de um post em blog. E é assim que pensando estar iluminados seguimos frequentemente enganados e continua a não haver nada melhor que corpos em presença.
Pergunto-me se a digitalização da comunicação entre pessoas (em especial nas relações fortes de amizade/amor) não mudará para sempre a forma como percebemos os sentimentos, como os expressamos e até como sentimos. Será que caminhamos voluntariamente para o newspeak de 1984? Uma linguagem voluntariamente limitada que acaba por eliminar ou castrar os sentimentos e ambições...
2 comments:
Quanto a mudar sentimentos, é bastante possível, Contudo, creio que ao contrário de limitar a linguagem, teremos mais propensão para o oposto. Tomo por exemplo as pessoas que se conhecem por chats/ internet no geral e que dizem ter todo o tipo de sentimentos por pessoas que nunca viram na vida. Até que ponto não se justifica o crimepensar.
deliberadamente
a comunicação através da internet é algo necessário quando estamos longe - nesse sentido é profundamente revolucionário. mas quando utilizamos essa comunicaçao para campos mais profundos, corremos sérios riscos. foi isto que eu concluí, exactamente ctg. é optimo para sabermos de novidades, para dar recados. mas é terrivel quando as conversas sao emocionais. pq tudo é torcvido de acordo com os nossos piores medos. nao ha nada como tocar, olhar, sentir alguem, para percebermos o que ela realmente nos quer dizer.
Post a Comment