Anomia

Pode um indivíduo recusar admitir a sua pertença a qualquer grupo e ignorar as referências de grupos ou indivíduos na procura incessante de uma individualidade extrema que recusa a anulação individual pela negação do grupo para logo depois cair numa situação em que por não ser-em-grupo não vê o seu ser-aqui-e-agora reconhecido por outros indivíduos de tal modo que a sua própria individualidade não existe por não ser vista por terceiros?

A procura por individualidade fora de qualquer grupo levará à anulação do indivíduo por não haver reconhecimento mútuo de individualidade?

O Rei e o Nobre (Fernando)

Fernando Nobre é candidato à Presidente da República Portuguesa e imediatamente as cortes reais anunciam a queda da III República... Lá porque um súbdito de Sua Majestade Real quer chegar ao Palácio não quer dizer que a República falha.

Antes pelo contrário, uma república saudável e bem instaurada não tem medo de reis ou cavaleiros reais que queiram subir ao trono. Pergunto-me se um republicano se poderia candidatar a rei...

Não? Então é melhor manter a república, ainda que seja das bananas, do que ter um regime com uma família de macacos a governar.

Log

Nunca como hoje houve tanta comunicação. E se há uns anos havia o telemóvel e a internet que nos ligavam em rede ou ponto a ponto, hoje telemóvel e internet estão também ligados.

Pensando bem, deviamos hoje mais do que nunca saber tudo sobre o outro, conhecer a sua vida de cor (ou ajudados pela cábula digital). Não devíamos falhar um cumprimento de aniversário, um teste bem sucedido ou uma criança por nascer - a informação sobre os que nos interessam está toda na ponta dos dedos e à frente dos olhos.

No entanto, a comunicação digital é curta e ruidosa. Facilmente acabamos por ler mensagens publicamente disponíveis mas destinadas a alguém em específico, ou perceber um significado distorcido em determinado SMS. Ou calcular mal sentimentos através de um post em blog. E é assim que pensando estar iluminados seguimos frequentemente enganados e continua a não haver nada melhor que corpos em presença.

Pergunto-me se a digitalização da comunicação entre pessoas (em especial nas relações fortes de amizade/amor) não mudará para sempre a forma como percebemos os sentimentos, como os expressamos e até como sentimos. Será que caminhamos voluntariamente para o newspeak de 1984? Uma linguagem voluntariamente limitada que acaba por eliminar ou castrar os sentimentos e ambições...